Geografia

O trabalho que farei hoje, será sobre o vídeo "O Povo Brasileiro", de Darcy Ribeiro.
O filme/vídeo retrata o Brasil e os brasileiros, a gestão do povo, é o que ele trata de reconstituir e compreender.Todos sabemos que a nossa sociedade e cultura, varia entre a tradição civilizatória européia ocidental (podemos citar  Portugal) diferenciada por coloridos dos índios da américa e dos negros africanos. Essa parte achei interessante compartilhar com todos vocês, pois  cita a nossa raça.
Irei separar esse meu trabalho por temas/partes/capítulos (cada um define como quiser). Cada tema, o filme citou.

I TEMA: Matrizes étnicas.

 Afinal... o que é étnica?
Étnica pode ser associada a povo ou raça. Antigamente, falávamos "tribos" (indígenas, por exemplo) hoje não, falamos que "tribo" é um grupo ÉTNICO, então étnica é um grupo de pessoas definida por afinidades linguísticas, culturais, religiosas...

Uns dos lugares em que grande parte de indígenas ocuparam território por muitos milênios foi a Ilha Brasil (que fica localizada na costa atlântica). Esses índios de fala tupi, disputavam os melhores lugares ecológicos, onde se abrigavam, se deslocavam, se abrigavam de novo, e assim indo. Foi Jaime Cortesão que falou que, após chegarem o séculos de  liberdade e autonomia, seria possível que, alguns índios, se sobrepusessem aos outros, criando a chefatura (que seria comandar) sobre os territórios mais amplos , fazendo com que os índios que se encontravam ali, virassem "escravos" deles.

Mas nada disso aconteceu.O que realmente aconteceu, foi a introdução dos povos europeus no seu mundo, mudando toda a realidade. Mesmo não sendo em muitos, os europeus foram super agressivos, capazes de atuar destrutivamente de várias formas, principalmente com os vírus de doenças que chegavam junto com eles, trazendo aos indígenas, até o leito de morte.

Esse conflito se dá em todos os níveis, como se fosse uma guerra bacteriológica, e que os indígenas não aguentavam - as.

No plano étnico - cultural, essa transfiguração se dá pela nova etnia que estava predominando ali, que ao longo do tempo foi se unificando, na língua e nos costumes, os índios desligados do seu jeito de viver, os negros da África , e os europeus que já estavam aqui. E assim, o brasileiro ali surgia/nascia, construído por essas matrizes, que aou poucos, iam sendo desfeitas. 

O Enfrentamento Dos Mundos

 Os índios perceberam a chegada do europeu como um acontecimento
espantoso, só assimilável em sua visão mítica do mundo. Seriam gente de
seu deus sol, o criador ‐ Maíra ‐, que vinha milagrosamente sobre as ondas
do mar grosso. Não havia como interpretar seus desígnios, tanto podiam ser
ferozes como pacíficos, espoliadores ou dadores.Pouco mais tarde, essa visão idílica se dissipa. Nos anos seguintes, se anula e reverte‐se no seu contrário: os índios começam a ver a hecatombe que caíra sobre eles. Maíra, seu deus, estaria morto? Como explicar que seu povo predileto sofresse tamanhas provações? Tão espantosas e terríveis eram elas, que para muitos índios melhor fora morrer do que viver.Mais tarde, com a destruição das bases da vida social indígena, a negação de todos os seus valores, o despojo, o cativeiro, muitíssimos índios deitavam em suas redes e se deixavam morrer, como só eles têm o poder de fazer. Morriam de tristeza, certos de que todo o futuro possível seria a negação mais horrível do passado, uma vida indigna de ser vivida por gente verdadeira.


 O contraste não podia ser maior, nem mais infranqueável, em
incompreensão recíproca. Nada que os índios tinham ou faziam foi visto
com qualquer apreço, senão eles próprios, como objeto diverso de gozo e
como fazedores do que não entendiam, produtores do que não consumiam.
O invasor, ao contrário, vinha com as mãos cheias e as naus abarrotadas de
machados, facas, facões, canivetes, tesouras, espelhos e, também, miçangas
cristalizadas em cores opalinas. Quanto índio se desembestou,
enlouquecido, contra outros índios e até contra seu próprio povo, por amor
dessas preciosidades! Não podendo produzi‐las, tiveram de encontrar e
sofrer todos os modos de pagar seus preços, na medida em que elas se
tornaram indispensáveis. Elas eram, em essência, a mercadoria que
integrava o mundo índio com o mercado, com a potência prodigiosa de tudo
subverter. Assim se desfez, uniformizado, o recém‐descoberto Paraíso
Perdido.


Razões Desencontradas

 Frente à invasão européia, os índios defenderam até o limite possível seu
modo de ser e de viver. Sobretudo depois de perderem as ilusões dos
primeiros contatos pacíficos, quando perceberam que a submissão ao
invasor representava sua desumanização como bestas de carga. Nesse
conflito de vida ou morte, os índios de um lado e os colonizadores do outro
punham todas as suas energias, armas e astúcias. Entretanto, cada tribo,
lutando por si, desajudada pelas demais ‐ exceto em umas poucas ocasiões
em que se confederaram, ajudadas pelos europeus que viviam entre elas ‐
pôde ser vencida por um inimigo pouco numeroso mas superiormente
organizado, tecnologicamente mais avançado e, em conseqüência, mais bem
armado.


As crônicas coloniais registram copiosamente essa guerra sem quartel de
europeus armados de canhões e arcabuzes contra indígenas que contavam
unicamente com tacapes, zarabatanas, arcos e flechas. Ainda assim, os
cronistas destacam com gosto e orgulho o heroísmo lusitano. Esse é o caso
das loas do padre Anchieta a Mem de Sá, subjugador das populações
aborígenes para escravizá‐las ou colocá‐las em mãos dos missionários.


No segundo século, já enriquecidos de seu triste papel e também
representados por figuras mais capazes de indignação moral, como Antônio
Vieira, os jesuítas assumiram grandes riscos no resguardo e na defesa dos
índios. Foram, por isso, expulsos, primeiro, de São Paulo e, depois, do
estado do Maranhão e Grão‐Pará pelos colonos. Afinal, a própria Coroa, na
pessoa do marquês de Pombal, decide acabar com aquela experiência
socialista precoce, expulsando‐os do Brasil. Então, ocorre o mais triste. Os
padres entregam obedientemente as missões aos colonos ricos,
contemplados com a propriedade das terras e dos índios pela gente de
Pombal, e são presos e recolhidos à Europa, para amargar por décadas o
triste papel de sujigadores que tinham representado


O SALVACIONISMO

Nas décadas do achamento, descoberta ou invasão do Brasil, surgiram
descrições cada vez mais minuciosas das novas terras. Assim, elas iam
sendo apropriadas pelo invasor também pelo conhecimento de seus rios e
matas, povos, bichos e duendes.


Em princípio, pela absorção da copiosíssima sabedoria indígena, que nos
milênios anteriores se familiarizara com o que era a natureza circundante,
classificando e dando nomes aos lugares e às coisas, definindo seus usos e
utilidades. Depois, por sucessivas redefinições, umas vezes retendo os
antigos nomes, outras, rebatizando, mas nos dois casos compondo um novo
corpo de saber, voltado para valores e propósitos diferentes.


A utopia jesuítica esboroou e os inacianos foram expulsos das Américas,
entregando, inermes, desvirilizados, os seus catecúmenos ao sacrifício e à
escravidão na mão possessa dos colonos. O mesmo aconteceu com o sonho
mirífico dos franciscanos, reduzido à visão do que era a boçalidade do
mundo colonial, ínvio, ímpio e bruto.
 

É de perguntar, aqui, se não foi o próprio êxito que levou os projetos
utópicos de jesuítas e de franciscanos ao fracasso. Vendo a
incompatibilidade insanável entre eles e os colonos e, por extensão, entre o
projeto missionário e o real, se afastaram para criar sua própria província
européia. Queriam dar à expansão ibérica a alternativa freiral de
restauração de uma indianidade cristianizada, que falaria as línguas
indígenas e só teria fidelidade a si mesma. Entre as duas proposições, não
havia dúvida possível. As Coroas optaram, ambas, pelo projeto colonial.


Os místicos haviam cumprido já a sua função de dignificar á ação
conquistadora. Agora, deviam dar lugar aos homens práticos, que
assentariam e consolidariam as bases do império maior que jamais se viu.
Em lugar de sacros reinos pios, sob reis missionários a serviço da Igreja e
de Deus, os reis de Espanha e de Portugal queriam é o reino deste mundo.



II TEMA: Gestação Étnicas.

A instituição social que possibilitou a formação do povo brasileiro foi a cunhadismo, um uso velho dos indígenas de incorporar estranhos á sua comunidade. Consistia em dar uma indígena como sua esposa, aos "estranhos". Assim que ele a assumisse, criava automaticamente laços que o aparentava com todos os membros do grupo.

 Alcançava - se isso, graças ao sistema de parentesco dos índios, que relaciona, uns com os outros. Assim é que, aceitando a moça, o estranho passava a ter nela sua temericó (ou seja,os europeus ficavam parentes de toda a tribo) e, em todos os seus parentes da geração dos pais, outros tantos pais ou sogros. O mesmo ocorra em sua própria geração, em que todos passavam a ser seus irmãos ou cunhados. Na geração inferior eram todos seus filhos ou genros. Nesse caso, esses termos de consanguinidade ou de afinidade passavam a classificar todo o grupo como pessoas transáveis ou incestuosas. Com os primeiros devia ter relações evitativas, como convém no trato com sogros, por exemplo. Relações sexualmente abertas, gozosas,
no caso dos chamados cunhados; quanto à geração de genros e noras
ocorria o mesmo.


A função do cunhadismo foi fazer nascer/surgir numerosas pessoas mestiças, que, efetivamente ocupou o Brasil inteiro. Sem a prática do cunhadismo, era impossível a criação do Brasil.

O primeiro e principal desses núcleos é o paulista, assentado muito
precocemente na costa, talvez até antes da chegada de Cabral. Centrava‐se
ao redor de João Ramalho e de seu companheiro Antônio Rodrigues. Parece
especializar‐se tanto no resgate de índios cativos para vender às naus que o
ancoradouro dos navios com que eles traficavam passou a ser conhecido
como Porto dos Escravos.


 MOINHOS DE GASTAR GENTE

OS BRASILÍNDIOS
A expansão do domínio português terra adentro, na constituição do Brasil,
é obra dos brasilíndios ou mamelucos. Gerados por pais brancos, a maioria
deles lusitanos, sobre mulheres índias, dilataram o domínio português
exorbitando a dação de papel das Tordesilhas, excedendo a tudo que se
podia esperar.


Os portugueses de São Paulo foram os principais gestadores dos
brasilíndios ou mamelucos. O motor que movia aqueles velhos paulistas
era, essencialmente, a pobreza da feitoria paulistana, mera vilazinha alçada
no planalto, a quatro dias de viagem do mar, que se alcançava
dificultosamente através da selva e de águas tormentosas, subindo e
descendo escarpadas morrarias. 


O que buscavam no fundo dos matos a distâncias abismais era a única
mercadoria que estava a seu alcance: índios para uso próprio e para a
venda; índios inumeráveis, que suprissem as suas necessidades e se
renovassem à medida que fossem sendo desgastados; índios que lhes
abrissem roças, caçassem, pescassem, cozinhassem, produzissem tudo o
que comiam, usavam ou vendiam; índios, peças de carga, que lhes
carregassem toda a carga, ao longo dos mais longos e ásperos caminhos.


 Os brasilíndios ou mamelucos paulistas foram vítimas de duas rejeições
drásticas. A dos pais, com quem queriam identificar‐se, mas que os viam
como impuros filhos da terra, aproveitavam bem seu trabalho enquanto
meninos e rapazes e, depois, os integravam a suas bandeiras, onde muitos
deles fizeram carreira. A segunda rejeição era a do gentio materno. Na
concepção dos índios, a mulher é um simples saco em que o macho deposita
sua semente. Quem nasce é o filho do pai, e não da mãe, assim visto pelos
índios.


OS AFRO‐BRASILEIROS

Os negros do Brasil foram trazidos principalmente da costa ocidental
africana. A contribuição cultural do negro foi pouco relevante na formação daquela
proto célula original da cultura brasileira. Aliciado para incrementar a
produção açucareira, comporia o contingente fundamental da mão‐de‐obra.
Apesar do seu papel como agente cultural ter sido mais passivo que ativo, o
negro teve uma importância crucial, tanto por sua presença como a massa
trabalhadora que produziu quase tudo que aqui se fez, como por sua
introdução sorrateira mas tenaz e continuada, que remarcou o amálgama
racial e cultural brasileiro com suas cores mais fortes.


A diversidade linguística e cultural dos contingentes negros introduzidos
no Brasil, somada a essas hostilidades recíprocas que eles traziam da África
e à política de evitar a concentração de escravos oriundos de uma mesma
etnia, nas mesmas propriedades, e até nos mesmos navios negreiros,
impediu a formação de núcleos solidários que retivessem o patrimônio
cultural africano.


 Essa parca herança africana ‐ meio cultural e meio racial ‐, associada às
crenças indígenas, emprestaria entretanto à cultura brasileira, no plano
ideológico, uma singular fisionomia cultural. Nessa esfera é que se destaca,
por exemplo, um catolicismo popular muito mais discrepante que qualquer
das heresias cristãs tão perseguidas em Portugal.


OS NEOBRASILEIROS

Graças à auto‐identificação própria e nova que iam assumindo e, também,
ao acesso a múltiplas inovações socioculturais e tecnológicas, as
comunidades neobrasileiras nascentes se capa citaram a dar dois passos
evolutivos. Primeiro, o de abranger maior número de membros do que as
aldeias indígenas, liberando parcelas crescentes deles das tarefas de
subsistência para o exercício das funções especializadas. Segundo,
incorporar todos eles numa só identidade étnica, estruturada como um
sistema socioeconômico integrado na economia mundial.
 

Apesar de terem um alto grau de auto‐suficiência, dependiam de certos
artigos importados, sobretudo de instrumentos de metal, sal, pólvora e
outros mais, que não podiam produzir. Já não viviam, portanto, como
indígenas encerrados sobre si mesmos e voltados fundamentalmente ao
provimento da subsistência. Ao contrário, mantinham vínculos mercantis
externos para prover‐se dos referidos bens em troca do seu principal artigo
de exportação, que fora, inicialmente, o pau‐de‐tinta, depois, o índio
apressado como escravo e, afinal, a produção de alguma mercadoria de
exportação. Produzir essa mercadoria passou a ser sua razão de viver.


O idioma tupi foi a língua materna de uso corrente desses neobrasileiros
até meados do século XVIII.


 OS BRASILEIROS

O processo de formação dos povos americanos tem especificidades que
desafiam a explicação. Por que alguns deles, até mais pobres na etapa
colonial, progrediram aceleradamente, integrando‐se de forma dinâmica e
eficaz na revolução industrial, enquanto outros se atrasaram e ainda se
esforçam por modernizar‐se? Evidentemente, os povos transplantados, cuja
identidade étnica já veio perfeitamente definida da Europa, encontram em
sua própria configuração facilidades de incorporar‐se a uma nova
civilização surgida no seio de suas matrizes. 


Outro é o caso de povos que
estavam se fazendo como uma configuração totalmente diferente de suas
matrizes, que enfrentava a tarefa de difundir os povos que reuniu, tão
diversos uns dos outros. É tarefa sua, inclusive, definir sua identidade
étnica, a qual não pode ser a de meros europeus de ultramar.
 

 Outra arguição posta pela história é sobre a causa da uniformidade
linguística dos povos americanos. Tanto no norte como no sul, as línguas
que se falam em imensos territórios, por milhões de pessoas, são as
mesmas ‐ o inglês, o espanhol, o português ‐, que nem apresentam dialetos.
Como nada disso ocorreu em nenhum outro lugar da terra, cumpre indagar
como se deu aqui.


O primeiro brasileiro consciente de si foi, talvez, o mameluco, esse
brasilíndio mestiço na carne e no espírito, que não podendo identificar‐se
com os que foram seus ancestrais americanos ‐ que ele desprezava ‐, nem
com os europeus ‐ que o desprezavam ‐, e sendo objeto de mofa dos reinóis
e dos luso‐nativos, via‐se condenado à pretensão de ser o que não era nem
existia: o brasileiro.

 
III TEMA: Processo Sociocultural 

Ás vezes se diz que nossa característica essencial é a cordialidade (que é o comportamento de quem é cordial) faria de nós um povo por excelência gentil e pacífico. Será assim? A feia verdade é que conflitos de toda a ordem dilaceraram a história brasileira,étnicos, sociais, econômicos, religiosos, raciais etc. O mais assinalável é que nunca são conflitos puros. Cada um se pinta com as cores dos outros. O importante, aqui, é a predominância que marca e caracteriza cada
conflito concreto. Assim, a luta dos Cabanos, contendo, embora, tensões
inter‐raciais (brancos versus caboclos), ou classistas (senhores versus
serviçais), era, em essência, um conflito interétnico, porque ali uma etnia
disputava a hegemonia (que é a supremacia de um povo sobre outros, querendo dar sua imagem étnica à sociedade. O mesmo ocorre em Palmares, tida frequentemente como uma luta classista (escravos versus senhores) que se fez, no entanto, no enfrentamento racial, que por vezes se exibe como seu componente principal. Também os quilombolas queriam criar uma nova forma de vida social, oposta àqu
que eles fugiam. O conflito interétnico se processa no curso de um movimento secular de sucessão ecológica entre a população original do território e o invasor que a fustiga a fim de implantar um novo tipo de economia e de sociedade Esse conflito não se dá, naturalmente, como um debate em que cada parte
apresenta seus argumentos. O brasileiro que captura um índio para usá‐lo
como escravo, o faz achando que seria uma inutilidade deixá‐los vivendo à
toa. O índio, repelindo sua escravização que o coisificaria, prefere a morte à
submissão. Não por qualquer heroísmo, mas por um imperativo étnico, já
que as etnias são por natureza excludentes.


 A EMPRESA BRASIL

No plano econômico, o Brasil é produto da implantação e da interação de
quatro ordens de ação empresarial, com distintas funções, variadas formas
de recrutamento da mão‐de‐obra e diferentes graus de rentabilidade. A
principal delas, por sua alta eficácia operativa, foi a empresa escravista,
dedicada seja à produção de açúcar, seja à mineração de ouro, ambas
baseadas na força de trabalho importada da África.


 A segunda, também degrande êxito, foi a empresa comunitária jesuítica, fundada na mão‐de‐obraservil dos índios. Embora sucumbisse na competição com a primeira, e nos conflitos com o sistema colonial, também alcançou notável importância e
prosperidade. A terceira, de rentabilidade muito menor, inexpressiva como
fonte de enriquecimento, mas de alcance social substancialmente maior, foi
a multiplicidade de microempresas de produção de gêneros de subsistência
e de criação de gado, baseada em diferentes formas de aliciamento de mãode‐
obra, que iam de formas espúrias de parceria até a escravização do
indígena, cnza ou disfarçada.


 Sobre essas três esferas empresariais produtivas pairava, dominadora,
uma quarta, constituída pelo núcleo portuário de banqueiros, armadores e
comerciantes de importação e exportação. Esse setor parasitário era, de
fato, o componente predominante da economia colonial e o mais lucrativo
dela. Ocupava‐se das mil tarefas de intermediação entre o Brasil, a Europa e
a África no tráfico marítimo, no câmbio, na compra e venda, para o cumprimento de sua função essencial, que era trocar mais de metade do
açúcar e do ouro que aqui se produzia por escravos caçados na África, a fim
de renovar o sempre declinante estoque de mão‐de‐obra necessário para a
sua produção. 


AVALIAÇÃO

O padre Cardim, que foi reitor do Colégio da Bahia, gostava muito de
descrever o mundo que via. Foi, para meu gosto, um dos primeiros e mais
altos intelectuais brasileiros. Identificado com nossas coisas e nossa gente,
descreve encantado florestas, roças, pescarias, sempre com o mais vívido
interesse.Não podia haver balanço crítico melhor que o dele sobre a obra da
Companhia, por um lado, e a dos colonos, do lado oposto. Ele consegue
manter uma extraordinária objetividade quando fala de uma e outro. O
contraste não podia ser mais cru. Os índios se acabando e a prosperidade
chegando feroz.

 Visitando as várias missões entre os anos de 1583 e 1590,
em companhia do padre Cristóvão de Gouveia, o bom Cardim nos conta os
poucos índios que aí estavam em cada uma delas, todos vivendo na mais vil
pobreza, simulando uma conversão inverossímil, mas cheios de unção e até
de adulação diante dos padres.
Na sua história se inclui um balanço geral dos povos indígenas, que viviam
na costa do mar até o sertão onde chegaram os portugueses e que ele divide
em tupis e tapuias. Os primeiros, repartidos em dez nações principais, que
viviam de Pernambuco a São Vicente.


CIDADES E VILAS

Assinalamos que o Brasil, surgindo embora pela via evolutiva da
atualização histórica, nasceu já como uma civilização urbana. Vale dizer,
separada em conteúdos rurais e citadinos, com funções diferentes mas
complementares e comandada por grupos eruditos da cidade. A primeira é
Lisboa, que não conta. Nossa primeira cidade, de fato, foi a Bahia, já no
primeiro século, quando surgiram, também, o Rio de Janeiro e João Pessoa.
No segundo século, surgem mais quatro: São Luís, Cabo Frio, Belém e
Olinda. No terceiro século, interioriza‐se a vida urbana, com São Paulo;
Mariana, em Minas; e Oeiras, no Piauí. No quinto século, a rede explode,
cobrindo todo o território brasileiro.


A classe alta urbana era composta de funcionários, escrivães e meirinhos,
militares e sacerdotes ‐ que também eram os únicos educadores ‐ e
negociantes. Exceto a alta hierarquia civil  e eclesiástica, toda essa gente era considerada "de segunda" em relação aos senhores rurais, orgulhosos de suas posses, do seu isolamento e convictos de sua superioridade social. Uma camada intermediária de brancos e mestiços livres, paupérrimos, procurava sobreviver à sombra dos ricos ou remediados.


INDUSTRIALIZAÇÃO E URBANIZAÇÃO

A industrialização e a urbanização são processos complementares que
costumam marchar associados um ao outro. A industrialização oferecendo
empregos urbanos à população rural; esta entrando em êxodo na busca
dessas oportunidades de vida. Mas não é bem assim. Geralmente, fatores
externos afetam os dois processos, impedindo que se lhes dê uma
interpretação linear. No século XVI, são os carneiros ingleses que expulsam
a população do campo.


Embora haja variações regionais e São Paulo represente um grande
percentual nesse translado, o fenômeno se deu em todo o país. Inchou as
cidades, desabitou o campo sem prejuízo para a produção comercial da
agricultura, que, mecanizada, passou a produzir mais e melhor. Se nosso
programa fosse produzir só gêneros de exportação, isso seria admissível.
Como a questão que a história nos põe é organizar toda a economia para
que todos trabalhem e comam, esse translado astronômico, da ordem de 80%, gera
enormes problemas.


Esse crescimento explosivo entra em crise em 1982, anunciando a
impossibilidade de seguir crescendo economicamente sob o peso das
constrições sociais que deformavam o desenvolvimento nacional. Primeiro,
a estrutura agrária dominada pelo latifúndio que, incapaz de elevar a
produção agrícola ao nível do crescimento da população, de ocupar e pagar
as massas rurais, as expulsa em enormes contingentes do campo para as
cidades, condenando a imensa maioria da população à marginalidade.
Segundo, a espoliação estrangeira, que amparada pela política
governamental fortalecera seu domínio, fazendo‐se sócia da expansão
industrial, regulando a economia do país pela sucção de todas as riquezas
produtivas.


O Brasil alcança, desse modo, uma extraordinária vida urbana,
inaugurando, provavelmente, um novo modo de ser das metrópoles. Dentro
delas geram‐se pressões tremendas, porque a população deixada ao
abandono mantém sua cultura arcaica, mas muito integrada e criativa.
Dificulta, porém, uma verdadeira modernização, porque nenhum governo
se ocupa efetivamente da educação popular e da sanidade.


CLASSE E PODER

Nossa tipologia das classes sociais vê na cúpula dois corpos conflitantes,
mas mutuamente complementares. O patronato de empresários, cujo poder
vem da riqueza através da exploração econômica; e o patriciado, cujo
mando decorre do desempenho de cargos, tal como o general, o deputado, o
bispo, o líder sindical e tantíssimos outros. Naturalmente, cada patrício
enriquecido quer ser patrão e cada patrão aspira às glórias de um mandato
que lhe dê, além de riqueza, o poder de determinar o destino alheio.
 

Nas últimas décadas surgiu e se expandiu um corpo estranho nessa cúpula.
É o estamento gerencial das empresas estrangeiras, que passou a constituir
o setor predominante das classes dominantes. Ele emprega os tecnocratas
mais competentes e controla a mídia, conformando a opinião pública. Ele
elege parlamentares e governantes. Ele manda, enfim, com desfaçatez cada
vez mais desabrida.


Abaixo dessa cúpula ficam as classes intermediárias, feitas de pequenos
oficiais, profissionais liberais, policiais, professores, o baixo‐clero e
similares. Todos eles propensos a prestar homenagem às classes dominantes, procurando tirar disso alguma vantagem. Dentro dessa classe, entre o clero e os raros intelectuais, é que surgiram mais subversivos em rebeldia contra a ordem. A insurgência mesmo foi encarnada por gente de seus estratos mais baixos. Por isso
mesmo mais padres foram enforcados que qualquer outra categoria de
gente.  Seguem‐se as classes subalternas, formadas por um bolsão da aristocracia
operária, que têm empregos estáveis, sobretudo os trabalhadores
especializados, e por outro bolsão que é formado por pequenos
proprietários, arrendatários, gerentes de grandes propriedades rurais etc.
Abaixo desses bolsões, formando a linha mais ampla do losango das
classes sociais brasileiras, fica a grande massa das classes oprimidas dos
chamados marginais, principalmente negros e mulatos, moradores das
favelas e periferias da cidade. São os enxadeiros, os bóias‐frias, os
empregados na limpeza, as empregadas domésticas, as pequenas
prostitutas, quase todos analfabetos e incapazes de organizar‐se para
reivindicar.


Essa estrutura de classes engloba e organiza todo o povo, operando como
um sistema autoperpetuante da ordem social vigente. Seu comando natural
são as classes dominantes. Seus setores mais dinâmicos são as classes
intermédias. Seu núcleo mais combativo, as classes subalternas. E seu
componente majoritário são as classes oprimidas, só capazes de explosões
catárticas ou de expressão indireta de sua revolta. Geralmente estão
resignadas com seu destino, apesar da miserabilidade em que vivem, e por
sua incapacidade de organizar‐se e enfrentar os donos do poder.


DISTÂNCIA SOCIAL

Com efeito, no Brasil, as classes ricas e as pobres se separam umas das
outras por distâncias sociais e culturais quase tão grandes quanto as que
medeiam entre povos distintos. Ao vigor físico, à longevidade, à beleza dos
poucos situados no ápice ‐ como expressão do usufruto da riqueza social ‐
se contrapõe a fraqueza, a enfermidade, o envelhecimento precoce, a feiúra
da imensa maioria ‐ expressão da penúria em que vivem. Ao traço refinado,
à inteligência ‐ enquanto reflexo da instrução ‐, aos costumes patrícios e
cosmopolitas dos dominadores, corresponde o traço rude, o saber vulgar, a
ignorância e os hábitos arcaicos dos dominados.


A estratificação social gerada historicamente tem também como
característica a racionalidade resultante de sua montagem como negócio
que a uns privilegia e enobrece, fazendo‐os donos da vida, e aos demais
subjuga e degrada, como objeto de enriquecimento alheio. Esse caráter
intencional do empreendimento faz do Brasil, ainda hoje, menos uma
sociedade do que uma feitoria, porque não estrutura a população para o
preenchimento de suas condições de sobrevivência e de progresso, mas
para enriquecer uma camada senhorial voltada para atender às solicitações
exógenas.


Essas duas características complementares ‐ as distâncias abismais entre
os diferentes estratos e o caráter intencional do processo formativo ‐
condicionaram a camada senhorial para encarar o povo como mera força de
trabalho destinada a desgastar‐se no esforço produtivo e sem outros
direitos que o de comer enquanto trabalha, para refazer suas energias
produtivas, e o de reproduzir‐se para repor a mão‐de‐obra gasta.
Nem podia ser de outro modo no caso de um patronato que se formou
lidando com escravos, tidos como coisas e manipulados com objetivos
puramente pecuniários, procurando tirar de cada peça o maior proveito
possível. Quando ao escravo sucede o parceiro, depois o assalariado
agrícola, as relações continuam impregnadas dos mesmos valores, que se
exprimem na desumanização das relações de trabalho.


CLASSE E RAÇA

A distância social mais espantosa do Brasil é a que separa e opõe os pobres
dos ricos. A ela se soma, porém, a discriminação que pesa sobre negros,
mulatos e índios, sobretudo os primeiros.
Entretanto, a rebeldia negra é muito menor e menos agressiva do que
deveria ser. Não foi assim no passado. As lutas mais longas e mais cruentas
que se travaram no Brasil foram a resistência indígena secular e a luta dos
negros contra a escravidão,que duraram os séculos do escravismo. Tendo início quando começou o
tráfico, só se encerrou com a abolição.
Sua forma era principalmente a da fuga, para a resistência e para a
reconstituição de sua vida em liberdade nas comunidades solidárias dos
quilombos, que se multiplicaram aos milhares.
Eram formações protobrasileiras, porque o quilombola era um negro já
aculturado, sabendo sobreviver na natureza brasileira, e, também, porque
lhe seria impossível reconstituir as formas de vida da África. Seu drama era
a situação paradoxal de quem pode ganhar mil batalhas sem vencer a
guerra, mas não pode perder nenhuma. Isso foi o que sucedeu com todos os
quilombos, inclusive com o principal deles, Palmares, que resistiu por mais
de um século, mas afinal caiu, arrasado, e teve o seu povo vendido, aos lotes,
para o sul e para o Caribe.
Entretanto, a luta mais árdua do negro africano e de seus descendentes
brasileiros foi, ainda é, a conquista de um lugar e de um papel de
participante legítimo na sociedade nacional. Nela se viu incorporado à
força.

 Ajudou a construí‐la e, nesse esforço, se desfez, mas, ao fim, só nela
sabia viver, em razão de sua total desafricanização. A primeira tarefa
cultural do negro brasileiro foi a de aprender a falar o português que ouvia
nos berros do capataz. Teve de fazê‐lo para comunicar‐se com seus
companheiros de desterro, oriundos de diferentes povos. Fazendo‐o, se
reumanizou, começando a sair da condição de bem semovente, mero animal
ou força energética para o trabalho. Conseguindo miraculosamente
dominar a nova língua, não só a refez, emprestando singularidade ao
português do Brasil, mas também possibilitou sua difusão por todo o
território, uma vez que nas outras áreas se falava principalmente a língua
dos índios, o tupi‐guarani.


 RAÇA E COR

A análise do crescimento da população brasileira e de sua composição
segundo a cor é altamente expressiva das condições de opressão que o
branco dominador impôs aos outros componentes. Avaliamos em 6 milhões
o número de negros introduzidos no Brasil como escravos até 1850, quando
da abolição do tráfico; em 5 milhões o número mínimo de índios com que as
fronteiras da civilização brasileira se foram defrontando, sucessivamente,
no mesmo período; e em 5 milhões, no máximo, o número de europeus
vindos para o Brasil até 1950. Destes 5 milhões, apenas 500 mil
ingressaram no Brasil antes de 1850. 


De seus bagos viemos. Considerada a
composição da população em 1950 (os censos de 1960 e 1970 não trazem
dados referentes à raça ou à cor), verifica‐se que os índios de vida tribal,
mais ou menos autônomos, estavam reduzidos a cerca de 100 mil (Ribeiro
1957); os negros terão alcançado um máximo de 5, 6 milhões; enquanto os
que se definem como pardos (mulatos) seriam 13, 7 milhões; e os brancos
(que são principalmente mestiços) ascenderiam a 32 milhões. Os índios
inesperadamente se triplicaram de 1950 a 1990, provavelmente por se
terem adaptado às moléstias dos brancos e por efeito da proteção oficial,
que diminuiu substancialmente as chacinas.


 BRANCOS VERSUS NEGROS

O censo de 1950 permite algumas comparações significativas entre as
condições de vida e de trabalho de negros e brancos na população brasileira
ativa. Considerando, por exemplo, o grupo patronal em conjunto, verifica‐se
que as possibilidades de um negro chegar a integrá‐lo são enormemente
menores, já que de cada mil brancos ativos maiores de dez anos, 23 são
empregadores, contra apenas quatro pretos donos de empresas por cada
mil empregados.


Comparando a posição ocupacional dos 4 milhões de pretos maiores de
dez anos de idade com o milhão de estrangeiros registrados pelo mesmo
censo, verifica‐se que, enquanto os primeiros contribuem com apenas 20
mil empregadores, os últimos detém 86 mil propriedades. É visível que
esses estrangeiros, vindos ao Brasil nas últimas décadas como imigrantes,
encontraram condições de ascensão social muito mais rápida que o
conjunto da população existente, porém enormemente mais intensa que o
grupo negro.
Segundo os dados do mesmo censo, no conjunto das ocupações de alto
padrão havia um empregador preto para cada 25 não pretos; e um preto
para cada cinqüenta profissionais liberais. Coerentemente, nas categorias
profissionais mais humildes, se encontrava um preto para cada sete
operários fabris de outras cores e, o que é muito expressivo, um preto para
cada quatro outros lavradores do eito.
Examinando a carreira do negro no Brasil se verifica que, introduzido
como escravo, ele foi desde o primeiro momento chamado à execução das tarefas mais duras, como mão‐de‐obra
fundamental de todos os setores produtivos. Tratado como besta de carga
exaurida no trabalho, na qualidade de mero investimento destinado a
produzir o máximo de lucros, enfrentava precaríssimas condições de
sobrevivência.

 Ascendendo à condição de trabalhador livre, antes ou depois
da abolição, o negro se viajungido a novas formas de exploração que,
embora melhores que a escravidão, só lhe permitiam integrar‐se na
sociedade e no mundo cultural, que se tornaram seus, na condição de um
subproletariado compelido ao exercício de seu antigo papel, que continuava
sendo principalmente o de animal de serviço.
Enquanto escravo poderia algum proprietário previdente ponderar, talvez,
que resultaria mais econômico manter suas "peças" nutridas para tirar
delas, a longo termo, maior proveito.

 Ocorreria, mesmo, que um negro
desgastado no eito tivesse oportunidade de envelhecer num canto da
propriedade, vivendo do produto de sua própria roça, devotado a tarefas
mais leves requeridas pela fazenda. Liberto, porém, já não sendo de
ninguém, se encontrava só e hostilizado, contando apenas com sua força de
trabalho, num mundo em que a terra e tudo o mais continuava apropriada.
Tinha de sujeitar‐se, assim, a uma exploração que não era maior que dantes,
porque isso seria impraticável, mas era agora absolutamente
desinteressada do seu destino. Nessas condições, o negro forro, que
alcançara de algum modo certo vigor físico, poderia, só por isso, sendo mais
apreciado como trabalhador, fixar‐se nalguma fazenda, ali podendo viver e
reproduzir. O débil, o enfermo, o precocemente envelhecido no trabalho,
era simplesmente enxotado como coisa imprestável.


IMIGRANTES

O contingente imigratório europeu integrado na população brasileira é
avaliado em 5 milhões de pessoas, quatro quintas partes das quais
entraram no país no último século.


Apesar da desproporção das contribuições ‐ negra, em certas áreas;
indígena, alemã ou japonesa, em outras ‐, nenhuma delas se autodefiniu
como centro de lealdades étnicas extranacionais. O conjunto, plasmado com
tantas contribuições, é essencialmente uno enquanto etnia nacional, não
deixando lugar a que tensões eventuais se organizem em torno de unidades
regionais, raciais ou culturais opostas. Uma mesma cultura a todos engloba
e uma vigorosa autodefinição nacional, cada vez mais brasileira, a todos
anima.


Esse brasileirismo é hoje tão arraigado que resulta em xenofobia, por um
lado, e, por outro lado, em vanglória nacionalista. Os brasileiros todos
torcem nas copas do mundo com um sentimento tão profundo como se se
tratasse de guerra de nosso povo contra todos os outros povos do mundo.
As vitórias são festejadas em cada família e as derrotas sofridas como
vergonhas pessoais.
Pude sentir, no exílio, como é difícil para um brasileiro viver fora do Brasil.
Nosso país tem tanta seiva de singularidade que torna extremadamente
difícil aceitar e desfrutar do convívio com outros povos.






IV OS BRASIS NA HISTÓRIA 

O que alcançamos são algumas generalizações válidas que lançamos aqui e
ali, iluminando passagens. É, porém, irresistível, como aventura intelectual,
a procura dessas generalizações. É também indispensável, porque nenhum
povo vive sem uma teoria de si mesmo. Se não tem uma antropologia que a
proveja, improvisa‐a e difunde‐a no folclore. A história, na verdade das coisas, se passa nos quadros locais, como eventos que o povo recorda e a seu modo explica. É aí, dentro das linhas de crenças co‐participadas, de vontades coletivas abruptamente eriçadas, que as coisas se dão. Essa é a razão por que, em lugar de um quadro geral da história brasileira, compus esses cenários regionais.  


"[...] o ser senhor de engenho é título a que
muitos aspiram porque traz consigo o ser
servido, obedecido e respeitado de muitos.
E se for, qual deve ser, homem de cabedal e
governo, bem se pode estimar no Brasil o
ser senhor de engenho, quanto
proporcionalmente estimam os títulos entre
os fidalgos do Reino [...]
Andreoni 1967"


O engenho açucareiro, primeira forma de grande empresa agroindustrial
exportadora, foi, a um tempo, o instrumento de viabilização do
empreendimento colonial português e a matriz do primeiro modo de ser
dos brasileiros. Sem ele, naquela época, seria inimaginável a ocupação
européia de uma vasta área tropical, sem riquezas minerais por descobrir,
habitada por indígenas que apenas lograram construir culturas agrícolas e
que não constituíam uma força de trabalho facilmente disciplinável e
explorável.Afortunadamente, a cana‐de‐açúcar só necessitava de terras tropicais
férteis e frescas, e o engenho que fazia do caldo de cana o produto mercantil
era uma prensa de madeiras e ferros que os carpinas portugueses, construtores de naus, podiam fabricar com facilidade. Ao serem transplantados aos espaços brasileiros, os canaviais e os engenhos se multiplicaram em poucas décadas, tendo como únicas limitações à sua expansão a disponibilidade de mão‐de‐obra escrava para o eito e a amplitude do mercado consumidor europeu.


O BRASIL CABOCLO

"[...] e toda aquela gente se acabou ou nós a
acabamos; em pouco mais de trinta anos [...]
eram mortos dos ditos índios mais de dois
milhões [...]


 A área de floresta tropical da bacia amazônica cobre quase metade do
território brasileiro, mas sua população mal comporta 10% da nacional. Sua
incorporação ao Brasil se fez por herança do patrimônio colonial português,
pela unidade de formação cultural fundada nas mesmas matrizes básicas, e
pela emigração de cerca de meio milhão de nordestinos conduzidos à
Amazônia nas últimas décadas do século passado e nas primeiras deste,
para a exploração, dos seringais nativos. Essa integração territorial, cultural
e humana se vem fazendo orgânica, nos últimos anos, graças às
comunicações diretas estabelecidas através dos rios que correm do planalto
central para o Amazonas e das rodovias recém‐abertas para ligar Brasília ao
Rio‐Mar e, incipientemente, para cortar transamazonicamente a floresta, de
norte a sul, de leste a oeste.


Hoje, a Amazônia se oferece ao Brasil como sua grande área de expansão,
para a qual inevitavelmente milhões de brasileiros já estão se transladando
e continuarão a se transladar no futuro. A floresta vem sendo atacada em
toda a sua orla e também desde dentro num movimento demográfico
poderoso, movido por fatores econômicos e ecológicos. Mais de metade da
população original de caboclos da Amazônia já foi desalojada de seus
assentos, jogada nas cidades de Belém e Manaus. Perde‐se, assim, toda a
sabedoria adaptativa milenar que essa população havia aprendido dos
índios para viver na floresta.
Os novos povoadores tudo ignoram; vêem a floresta como obstáculo. Seu
propósito é tombá‐la para convertê‐la em pastagens ou em grandes plantios
comerciais. A eficácia desse modo de ocupação é de todo duvidosa, mas sua
capacidade de imporse é inelutável, mesmo porque conta com as graças do
governo. A ditadura militar chegou mesmo a subsidiar grandes empresários
estrangeiros, atraídos pela doação de imensas glebas de terra e com
financiamentos a juros negativos dos empreendimentos que lançassem.
Devolvia, inclusive, o imposto de renda de grandes grupos empresariais do
sul do país que prometessem aplicá‐lo na Amazônia. Esses programas
levaram a um redondo fracasso. Não assim a invasão sorrateira de toda a
floresta por gente desalojada dos latifúndios e até dos minifúndios de todo
o Brasil, que ali está aprendendo a viver na mata, criando um novo gênero
de ocupação que ainda não se configurou.


O BRASIL SERTANEJO

"De couro era a porta das cabanas, o rude leito
aplicado ao chão duro, e mais tarde, a cama
para os partos: de couro, todas as cordas, a
borracha para carregar água, o mocó ou
alforje para levar comida, a mala para
guardar roupa, a mochila para milhar cavalo,
a peia para prendê‐lo em viagem, as bainhas
de faca, as broacas e surrões, a roupa de
entrar no mato, os banguês para curtume ou
para apurar sal; para os açudes, o material de
aterro era levado em couros puxados por
pontas de bois que calcavam a terra com seu
peso; em couro pisava‐se tabaco para o nariz.


Para além da faixa nordestina das terras frescas e férteis do massapé, com
rica cobertura florestal, onde se implantaram os engenhos de açúcar,
desdobram‐se as terras de uma outra área ecológica. Começam pela orla
descontínua ainda úmida do agreste e prosseguem com as enormes
extensões semi‐áridas das caatingas. Mais além, penetrando já o Brasil
Central, se elevam em planalto como campos cerrados que se estendem por
milhares de léguas quadradas.


Toda essa área conforma um vastíssimo mediterrâneo de vegetação rala,
confinado, de um lado, pela floresta da costa atlântica, do outro pela floresta
amazônica e fechado ao sul por zonas de matas e campinas naturais. Faixas
de florestas em galeria cortam esse mediterrâneo, acompanhando o curso
dos rios principais, adensando‐se em capões de mata ou palmeirais de
carnaúba, buriti ou babaçu, onde encontra terreno mais úmido. A vegetação
comum, porém, é pobre, formada de pastos naturais ralos e secos e de
arbustos enfezados que exprimem em seus troncos e ramos tortuosos, em
seu enfolhamento maciço e duro, a pobreza das terras e a irregularidade do
regime de chuvas. Nos cerrados e, sobretudo, nas caatingas, a vegetação
alcança já uma plena adaptação à secura do clima, predominando as
cactáceas, os espinhos e as xerófilas, organizadas para condensar a umidade
atmosférica das madrugadas frescas e para conservar nas folhas fibrosas e
nos tubérculos as águas da estação chuvosa.


No agreste, depois nas caatingas e, por fm, nos cerrados, desenvolveu‐se
uma economia pastoril associada originalmente à produção açucareira
como fornecedora de carne, de couros e de bois de serviço. Foi sempre uma
economia pobre e dependente. Contando, porém, com a segurança de um
crescente mercado interno para sua produção, além da exportação de
couro, pôde expandir‐se continuamente através de séculos. Acabou
incorporando ao pastoreio uma parcela ponderável da população nacional,
cobrindo e ocupando áreas territoriais mais extensas que qualquer outra
atividade produtiva.


Conformou, também, um tipo particular de população com uma subcultura
própria, a sertaneja, marcada por sua especialização ao pastoreio, por sua
dispersão espacial e por traços característicos identificáveis no modo de
vida, na organização da família, na estruturação do poder, na vestimenta
típica, nos folguedos estacionais, na dieta, na culinária, na visão de mundo e
numa religiosidade propensa ao messianismo.


O BRASIL CAIPIRA

"[...] Metido pelos matos, à caça de índios e índias, estas para os exercícios
de suas torpezas e aqueles para os granjeios de seus interesses [...] nem
sabe falar [o português]
[...] nem se diferencia do rnais bárbaro tapuia
mais do que em dizer que é cristão e não
obstante o haver se casado de pouco lhe as‐ sistem sete índias concubinas
[...]


Enquanto os núcleos açucareiros da costa nordestina cresciam e
enriqueciam, a população paulista revolvia‐se numa economia de pobreza.
Não tendo grandes engenhos de açúcar, que eram a riqueza do tempo,
tampouco tinham escravaria negra, e raramente um navio descia até o
ancoradouro de São Vicente. Ao fim de um século e meio de implantação, os
núcleos paulistas mais importantes eram arraiais de casebres de taipa ou
adobe, cobertos de palha.
Os homens bons que integravam a Câmara e dirigiam as bandeiras de
devassamento dos sertões interiores viviam com suas famílias em sítios no interior, em condições igualmente pobres. Cada
um deles servido pela indiada cativa que cultivava mandioca, feijão, milho,
abóbora e tubérculos, para comer com carne de caça ou com pescado; além
do tabaco para o pito, do urucu e da pimenta para condimento e algumas
outras plantas indígenas.


Em família e também nas relações entre paulistas, só se falava a língua
geral, que era uma variante do idioma dos índios Tupi de toda a costa.
Também indígenas eram as técnicas da lavoura de coivara, bem como de
caça, de pesca e de coleta de frutos silvestres de que se sustentavam. A
tralha doméstica, de redes de dormir, gamelas, porongos, peneiras etc.,
pouco diferia da disponível numa aldeia indígena.
Seus luxos em relação à vida tribal estavam no uso de roupas simples, do
sal, do toucinho de porco e numa culinária mais fina; na posse de alguns
instrumentos de metal e de armas de fogo; na candeia de óleo para alumiar,
nalguma guloseima, como a rapadura, e na pinga de cana que sempre se
destilou; além da atitude sempre arrogante. Cada família fiava e tecia de
algodão grosseiro as redes de dormir e as roupas de uso diário – amplas
ceroulas cobertas de um camisolão para os homens, blusas metidas em
saias largas e compridas, para as mulheres. Todos andavam descalços ou
usando simples chinelas ou alpercatas. Apenas cobriam o corpo que os
índios antes deixavam à mostra, sem pudor mas com a faceirice das
pinturas de urucum e jenipapo.


Essa pobreza, que está na base tanto das motivações quanto dos hábitos e
do caráter do paulista antigo, é que fazia deles um bando de aventureiros
sempre disponível para qualquer tarefa desesperada, sempre mais
predispostos ao saqueio que à produção. Cada caudilho paulista de
expressão podia levantar centenas e até milhares de homens em armas; é
verdade que a imensa maioria deles formada por índios flecheiros.


BRASIS SULINOS: GAÚCHOS, MATUTOS E GRINGOS

"Essa indiada é toda gaúcha.
Dito gauchesco"


A expansão dos antigos paulistas atingiu e ocupou também a região sulina
de prévia dominação espanhola e a incorporou ao Brasil. Em interação com
outras influências, porém, deu lugar ali a uma área cultural tão complexa e
singular que não pode ser tida como um componente da paulistânia. Ao
contrário das outras áreas conformadas pelos paulistas, como a de
mineração, a de economia natural caipira e a de expansão da cafeicultura,
que, apesar de suas diferenciações econômico‐sociais, apresentam uma
base cultural comum, na região sulina surgiram modos de vida tão
diferenciados e divergentes que não se pode incluí‐los naquela
configuração e nem mesmo tratá‐los como uma área cultural homogênea.
 

A característica básica do Brasil sulino, em comparação com as outras
áreas culturais brasileiras, é sua heterogeneidade cultural. Os modos de
existência e de participação na vida nacional dos seus três componentes
principais não só divergem largamente entre si como também com respeito
às outras áreas do país.


Tais são os lavradores matutos de origem principalmente açoriana, que
ocupam a faixa litorânea do Paraná para o sul; os representantes atuais dos
antigos gaúchos da zona de campos da fronteira rio‐platense e dos bolsões
pastoris de Santa Catarina e do Paraná, e, finalmente, a formação gringobrasileira
dos descendentes de imigrantes europeus, que formam uma ilha
na zona central, avançando sobre as duas outras áreas.
A coexistência e a interação desses três complexos oper

a ativamente no
sentido de homogeneizá‐los, difundindo traços e costumes de um ao outro.
A distância que medeia entre os respectivos patrimônios culturais e,
sobretudo, entre seus sistemas de produção agrícola ‐ a lavoura de modelo
arcaico dos matutos, o pastoreio gaúcho e a pequena propriedade
explorada intensivamente dos colonos gringos ‐ funciona, porém, como
fixadora de suas diferenças. Mesmo em face dos efeitos homogeneizadores
da modernização decorrentes da industrialização e da urbanização, cada
um desses complexos tende a reagir de modo próprio, integrando‐se com
ritmos e modos diferenciados nas novas formas de produção e de vida,
dando lugar a estilos distintos de participação na comunidade nacional.


O Brasil sulino surge à civilização pela mão dos jesuítas espanhóis, que
fazem florescer no atual território gaúcho de missões a principal expressão
de sua república cristã‐guaranítica. É certo que eles visavam objetivos
próprios, claramente alternativos à civilização portuguesa e à espanhola.
Mas, atuando a seu pesar como agentes da civilização, por seu êxito e por
seu malogro, contribuíram para que aquelas alternativas se consolidassem.



V TEMA:O Destino Nacional

AS DORES DO PARTO

O Brasil foi regido primeiro como uma feitoria escravista, exoticamente
tropical, habitada por índios nativos e negros importados. Depois, como um
consulado, em que um povo sublusitano, mestiçado de sangues afros e
índios, vivia o destino de um proletariado externo dentro de uma possessão
estrangeira. Os interesses e as aspirações do seu povo jamais foram levados
em conta, porque só se tinha atenção e zelo no atendimento dos requisitos
de prosperidade da feitoria exportadora. O que se estimulava era o
aliciamento de mais índios trazidos dos matos ou a importação de mais
negros trazidos da África, para aumentar a força de trabalho, que era a
fonte de produção dos lucros da metrópole. Nunca houve aqui um conceito
de povo, englobando todos os trabalhadores e atribuindo‐lhes direitos. Nem
mesmo o direito elementar de trabalhar para nutrir‐se, vestir‐se e morar.
Essa primazia do lucro sobre a necessidade gera um sistema econômico
acionado por um ritmo acelerado de produção do que o mercado externo
dela exigia, com base numa força de trabalho afundada no atraso, famélica,
porque nenhuma atenção se dava à produção e reprodução das suas
condições de existência.

Em conseqüência, coexistiram sempre uma prosperidade empresarial, que
às vezes chegava a ser a maior do mundo, e uma penúria generalizada da
população local. A sociedade era, de fato, um mero conglomerado de gentes
multiétnicas, oriundas da Europa, da África ou nativos daqui mesmo,
ativadas pela mais intensa mestiçagem, pelo genocídio mais brutal na
dizimação dos povos tribais e pelo etnocídio radical na descaracterização
cultural dos contingentes indígenas e africanos.
Alcançam‐se, assim, paradoxalmente, condições ideais para a trans
iguração étnica pela desindianização forçada dos índios e pela
desafricanização do negro, que, despojados de sua identidade, se vêem
condenados a inventar uma nova etnicidade englobadora de todos eles.
Assim é que se foi fundindo uma crescente massa humana que perdera a
cara: eram ex‐índios desindianizados, e sobretudo mestiços, mulheres
negras e índias, muitíssimas, com uns pouquíssimos brancos europeus que
nelas se multiplicaram prodigiosamente

.
O núcleo luso, formado por muito poucos portugueses que aqui entraram
no primeiro século, e por mulheres mais raras ainda, que aqui vieram ter,
olhando a todos os mais desde a altura do seu preconceito de reinóis, da
força das suas armas, operacionava sua espoliação econômica, querendo
impor a todos sua fôrma étnica e sua cara civilizatória. Ocorre,
surpreendentemente, que esse povo nascente, em lugar de uma Lusitânia
de ultramar, se configura como um povo em si, que luta desde então para
tomar consciência de si mesmo e realizar suas potencialidades.
Essa massa de mulatos e caboclos, lusitanizados pela língua portuguesa
que falavam, pela visão do mundo, foram plasmando a etnia brasileira e
promovendo, simultaneamente, sua integração, na forma de um Estado‐
Nação.

 Estava já maduro quando recebe grandes contingentes de
imigrantes europeus e japoneses, o que possibilitou ir assimilando todos
eles na condição de brasileiros genéricos.


CONFRONTOS

Que é o Brasil entre os povos contemporâneos? Que são os brasileiros?
Enquanto povo das Américas contrasta com os povos testemunhos, como o
México e o altiplano andino, com seus povos oriundos de altas civilizações
que vivem o drama de sua dualidade cultural e o desafio de sua fusão numa
nova civilização.
Outro bloco contrastante é o dos povos transplantados, que representa nas
Américas tão‐só a reprodução de humanidades e de paisagens européias.
Os Estados Unidos da América e o Canadá são de fato mais parecidos e mais
aparentados com a África do Sul branca e com a Austrália do que conosco. A
Argentina e o Uruguai, invadidos por uma onda gringa que lançou 4 milhões
de europeus sobre um mero milhão que havia devassado o país e feito a
independência, soterrando a velha formação hispano‐índia, são outros
transplantados. Só é de perguntar por que, com a economia igual e até mais
rica de produção de cereais, de carnes e de lãs, não conseguem a
prosperidade da Austrália e do Canadá, que se enriqueceram com muito
menos?

Será o velho Cromwell e a institucionalidade por ele criada, que ainda
regem o norte, que fazem a diferença?
Os outros latino‐americanos são, como nós mesmos, povos novos, em
fazimento. Tarefa infinitamente mais complexa, porque uma coisa é
reproduzir no além‐mar o mundo insosso europeu, outra é o drama de
refundir altas civilizações, um terceiro desafio, muito diferente, é o nosso,
de reinventar o humano, criando um novo gênero de gentes, diferentes de
quantas haja.


Se olhamos lá para fora, a África contrasta conosco porque vive ainda o
drama de sua europeização, prosseguida por sua própria liderança
libertária, que tem mais horror à tribalidade que sobrevive e ameaça
explodir do que à recolonização. São ilusões! Se os índios sobreviventes do
Brasil resistiram a toda a brutalidade durante quinhentos anos e continuam
sendo eles mesmos, seus equivalentes da África resistirão também para rir
na cara de seus líderes neoeuropeizadores. Mundos mais longínquos, como
os orientais, mais maduros que a própria Europa, se estruturam na nova
civilização, mantendo seu ser, sua cara. Nós, brasileiros, nesse quadro,
somos um povo em ser, impedido de sê‐lo. Um povo mestiço na carne e no
espírito, já que aqui a mestiçagem jamais foi crime ou pecado. Nela fomos
feitos e ainda continuamos nos fazendo. Essa massa de nativos oriundos da
mestiçagem viveu por séculos sem consciência de si, afundada na
rünguendade. Assim foi até se definir como uma nova identidade étniconacional,
a de brasileiros. Um povo, até hoje, em ser, na dura busca de seu
destino. Olhando‐os, ouvindo‐os, é fácil perceber que são, de fato, uma nova
romanidade, uma romanidade tardia mas melhor, porque lavada em sangue
índio e sangue negro.


Com efeito, alguns soldados romanos, acampados na península Ibérica, ali
latinizaram os povos pré‐lusitanos. O fizeram tão firmemente que seus
filhos mantiveram a latinidade e a cara, resistindo a séculos de opressão de
invasores nórdicos e sarracenos.

2 comentários:

  1. Desculpem os erros de português, pois é muito cansativo esse trabalho, e ao digitar rápido, acabamos errando palavras!! :)

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  2. Cadê os vídeos ???
    Excelente post/pesuisa.
    Parabéns.

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